sábado, 18 de fevereiro de 2017


Abre as portas e deixa-me entrar: quero conhecer esse teu mundo. Quero perceber o que escondes aí; aquilo que te faz fraquejar. Pedes-me para sair, mas não deixas de me segurar; fico perdida entre os teus braços. Recuo quieta, dentro de mim, mas deixo-me ficar. Sei que, neste momento, não suportarias as minhas palavras. Também não suporto este silêncio, mas não posso ausentar-me agora. Espero que regresses, por inteiro, a este abraço.

Recosto a cabeça no teu peito e tento absorver, desesperadamente, algum calor. Mas não consigo – algo me diz que estás vazio. Vazio de mim, sozinho, dentro dos teus medos. Inspiras dúvidas e absorves incertezas. Porque fazes isto connosco? Não percebo o que te falta no meu corpo; não percebo, mesmo, no que falto. Sinto-me um nada, mas ainda te sinto cá.
Vá lá, aperta um pouco mais os braços e fica comigo: deixa-me entrar.