Abre as portas e deixa-me entrar: quero
conhecer esse teu mundo. Quero perceber o que escondes aí; aquilo que te faz
fraquejar. Pedes-me para sair, mas não deixas de me segurar; fico perdida entre
os teus braços. Recuo quieta, dentro de mim, mas deixo-me ficar. Sei que, neste
momento, não suportarias as minhas palavras. Também não suporto este silêncio,
mas não posso ausentar-me agora. Espero que regresses, por inteiro, a este
abraço.
Recosto a cabeça no teu peito e tento
absorver, desesperadamente, algum calor. Mas não consigo – algo me diz que estás
vazio. Vazio de mim, sozinho, dentro dos teus medos. Inspiras dúvidas e
absorves incertezas. Porque fazes isto connosco? Não percebo o que te falta no
meu corpo; não percebo, mesmo, no que falto. Sinto-me um nada, mas ainda te
sinto cá.